Lusa no Paulistão

Hino da Associação Portuguesa de Desportos:


  • A criação da Portuguesa:

A Associação Portuguesa de Desportos foi fundada no dia 14 de agosto de 1920 a partir da fusão de 5 clubes de origens portuguesas que tinham sede em vários bairros da capital paulistana. Essa união deu-se em um contexto desfavorável do futebol paulista visto que os clubes já existentes estavam em atrito constante com a APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos). Porém, mesmo sob incertezas, Lusíadas FC, EC Lusitano, AA 5 de Outubro, AA Marquês de Pombal e Portugal Marinhense se uniram e fundaram a Associação Portuguesa de Esportes.

Tal fusão deu-se na Câmara Portuguesa de Comércio, na Rua São Bento. A data de 14 de agosto foi escolhida por ser marcante para o povo português, o famoso e glorioso dia da Batalha de Ajubarrota, quando as tropas portuguesas lideradas por Dom de Avis e Nuno Alváres Pereira derrotaram as tropas espanholas e conseguiram sua independência do Reino de Castela.

Primeiro brasão da Portuguesa


Já em 1920 a Portuguesa tentava filiar-se à APEA para a disputa do Campeonato Paulista. Porém, a APEA só aceitava na Primeira Divisão os clubes que lá já estivessem. Foi aí que a Portuguesa uniu-se à Associação Atlética Mackenzie, que entrava em decadência. A necessidade de uma sustentação por parte do Mackenzie e o vertiginoso crescimento e força da Portuguesa se uniram por 3 anos na disputa da Primeira Divisão do Campeonato Paulista.

Nos anos que se seguiram já sem o Mackenzie, a Lusa mudou o "Esportes" de seu nome por "Desportos", tornando-se enfim a atual Associação Portuguesa de Desportos. No início da década de 1920 a Portuguesa tinha em seu time Filó, filho de pai português (que foi presidente da Lusa) e mãe italiana, transferiu-se à Lazio, da Itália, em 1931 e foi campeão italiano em 1934. Ano esse em que foi convocado para a Seleção da Itália, por ser filho de mãe italiana. Na Copa do Mundo, atuou com o nome de Guarisi, seu sobrenome materno. Filó foi o primeiro brasileiro a conquistar uma Copa do Mundo, em 1934, pela Itália.

Ainda nesse período a Portuguesa contou com o uruguaio Conrado Ross, o primeiro estrangeiro a vestir a camisa da Lusa. Na época em que o Uruguai era uma das maiores potências do futebol, a Portuguesa vinha despontando como uma força do futebol brasileiro. Conrado Ross estreou na Rubro-Verde em 1923 e depois veio a ser técnico do clube. Dessa época também destaca-se o goleiro Mesquita, que defendeu a Seleção Brasileira na Copa Rocca de 1922. Outro goleiro de destaque e que defendeu a Seleção Brasileira, este na Copa do Mundo de 1938, foi Batatais.
  • O primeiro título paulista em 1935:
A primeira grande conquista da Portuguesa aconteceu em 1935, quando alcançou o título do Campeonato Paulista organizado pela APEA. A Lusa disputou o campeonato com mais 7 equipes chegando ao final da primeira fase empatada em pontos com o Ypiranga, uma das maiores forças do futebol paulista na época. Duas partidas-desempate foram realizadas. A primeira delas terminou empatada por 2x2, mas na segunda a Portuguesa mostrou sua força e goleou por 5x2, com gols de Adolfo, duas vezes, Paschoalino, Duílio e Carioca.

Carioca, aliás, foi o artilheiro do Campeonato Paulista de 1935 com 18 gols. Nesta edição, a Portuguesa disputou 14 jogos, vencendo 10, empatando 2 e perdendo apenas 2. O esquadrão rubro-verde era composto por Tadeu, Fiorotti, Gasperini, Duílio, Barros, Passerini, Guilherme, Frederico, Paschoalino, Carioca e Nicola.

  • O Bi-Campeonato Paulista em 1936:
O Campeonato Paulista de 1936 foi realizado com a participação de 7 equipes. Dessa vez a Portuguesa conquistou o título com muita facilidade, sem sequer precisar de partidas-desempate. Com 10 vitórias, um empate e apenas uma derrota, e desta vez vencendo o Ypiranga por 6x1 na última partida, a Lusa conquistou o bi-campeonato paulista. Carioca novamente foi o artilheiro do campeonato com 18 gols, à exemplo do ano anterior. O time da Portuguesa em 1936 era composto por Rodrigues, Fiorotti, Oswaldo, Gasperini, Duílio, Barros, Frederico, Mandico, Arnaldo, Carioca e Adolpho.

  • O polêmico vice-campeonato de 1940:
O técnico da Portuguesa em 1940 era o uruguaio Conrado Ross, jogador luso na década de 1920. A Lusa sagrou-se vice-campeã paulista ficando atrás apenas do Palestra Itália, sendo que venceu o próprio Palestra durante o campeonato por 3x1. Além dessa vitória, a Portuguesa venceu o São Paulo por 2x0 e o Corinthians por 3x1. Esse campeonato ficou marcado por polêmicas arbitragens em jogos do Palestra Itália contra o Corinthians e a Portuguesa Santista, partidas essas que terminaram com muita confusão.

A Portuguesa terminou o campeonato 3 pontos atrás do Palestra Itália. Na última rodada, o agora Palmeiras venceu o São Paulo por 4x1. O atacante Paulo, do tricolor, acusou o jogador Sidnei, do alvi-verde, de tê-lo oferecido 3 contos de réis pela vitória a mando do dirigente palestrino Higino Pellegrini. Os escândalos sobre as arbitragens e a possível compra de jogadores estamparam os jornais da época, mas a Portuguesa teve que se contentar com o vice-campeonato.

  • A gloriosa década de 1950:
Esse post sobre a Portuguesa tem como objetivo tratar de sua história no Campeonato Paulista, mas não há como falar da história da Lusa e da história do futebol brasileiro sem citar a melhor fase da Rubro-Verde em seus 90 anos com um dos melhores esquadrões do futebol mundial. A base da equipe lusa na década de 1950 era composta por Muca, Nena, Noronha, Ceci, Brandãozinho, Djalma Santos, Julinho, Nininho, Renato Pinga e Simão.

Crédito: Luiz Filho


Nessa época a Lusa sagrou-se bi-campeã do Torneio Rio-São Paulo - que oficialmente viria a se chamar ainda na década de 1950 de Roberto Gomes Pedrosa - nos anos de 1952 e 1955. Além desses títulos, a Portuguesa ainda foi condecorada com a Tri-Fita-Azul, por suas três excursões pelo exterior das quais voltou com uma invencibilidade superior a 10 jogos cada. Nessa época a Lusa jogou contra equipes como Real Madrid, Atlético de Madrid, Arsenal, Inter de Milão, Boca Juniors e etc.

Djalma Santos/Crédito: Nelson Custódia


A década gloriosa fez da Lusa um dos principais clubes do Brasil, levando Nena, Julinho Botelho, Brandãozinho e Djalma Santos à Copas do Mundo. A Lusa chegou a mandar 8 jogadores à Seleção Paulista e tinha costume de mandar em média 4 jogadores à Seleção Brasileira.

  • O vice-campeonato de 1960:
Mais uma vez as polêmicas com arbitragens afetaram a Portuguesa e sua trajetória rumo ao título paulista. A Lusa contava com um time fortíssimo, composto pelo goleiro campeão do mundo em 1970, Félix, sem contar com Nelson, Ditão, Odorico, Vilela, Juths, Jair da Costa ( que seria campeão da Liga dos Campeões e do Mundo com a Inter de Milão, tornando-se eterno ídolo do clube), Sílvio, Servílio, Didi e Nílson.

Pelé era o Rei; Ivair, o Príncipe.


O Santos de Pelé foi o campeão desta edição do Campeonato Paulista. A Portuguesa e o Santos disputaram "palmo a palmo" a liderança durante todo o certame. Porém, uma derrota da Lusa para o Noroeste na penúltima rodada do campeonato por 5x2 tirou a chance de título da rubro-verde. No entanto, muito se comentou sobre essa derrota, onde o árbitro da partida teria influenciado diretamente no resultado do jogo. Como sempre, nada foi comprovado e a Portuguesa teve de se contentar com o vice-campeonato.

  • O título dividido em 1973:
Entre a torcida da Portuguesa é quase unânime que a Rubro-Verde sempre luta contra tudo e contra todos nos campeonatos que disputa. A história mostra que a Lusa tem um repertório longo de erros de arbitragens e decisões de bastidores contra sua sorte. Em 1973 não poderia ser diferente. Um dos campeonatos mais marcantes e inesquecíveis da história teve como campeões dois times, a Portuguesa de Enéas e o Santos de Pelé.

Após a clássica "Noite do Galo Bravo" em 1972, quando o maior presidente da história da Portuguesa, Oswaldo Teixeira Duarte, demitiu 5 jogadores "de peso" e reformulou o elenco para a temporada seguinte (entre os demitidos estavam Marinho Perez, Piau, Hector Silva, Lorico e Ratinho), a Lusa entrou no campeonato que foi disputado por 12 clubes e dividido em 2 turnos. O Santos foi campeão do primeiro turno e a Lusa do segundo. Como mandava o regulamento, ambos se enfrentariam para decidir o título.

O título foi decidido no dia 26 de agosto de 1973 no estádio do Morumbi. As duas torcidas dividiram as arquibancadas do estádio Cícero Pompeu de Toledo e bateram um recorde de púlico na época, com 116.156 pagantes. Durante o tempo regulamentar o placar não foi alterado. Porém, o árbitro Armando Marques anulou um gol legítimo de Cabinho na segunda etapa, que daria o título à Lusa.

Não bastasse essa polêmica, Armando Marques "errou" na contagem de penaltis e acabou decretando o Santos como campeão sendo que ainda haviam cobranças a serem feitas. O inteligente técnico luso Otto Glória levou os jogadores direto para o ônibus e tirou toda a delegação do Morumbi. Quando o árbitro quis que as cobranças fossem feitas novamente, não encontrou mais os jogadores da Rubro-Verde nos vestiários. Não restou um outra opção a não ser dividir o título.

O esquadrão verde-encarnado era composto por Zecão, Cardoso, Pescuma, Calegari, Isidoro, Badeco, Basílio, Antônio Carlos, Enéas, Cabinho e Wilsinho.

  • Os vice-campeonatos de 1975 e 1985:
Nesses dois anos a Portuguesa sagrou-se vice-campeã paulista perdendo para o São Paulo na final. Após disputar 32 jogos, em um campeonato inchado e muito longo, Lusa e Tricolor decidiram o certame em duas partidas no Morumbi. A primeira partida foi marcada pela vitória são-paulina por 1x0, com um gol de Pedro Rocha no final da primeira etapa. Já no segundo jogo, a Lusa venceu no tempo regulamentar com um gol de Enéas aos 31 minutos. A decisão foi para a prorrogação e consequentemente para os pênaltis, onde prevaleceu a experiência e o preparo físico dos tricolores, sem contar com a catimba do goleiro Valdir Perez.

Lusa: Zecão, Cardoso, Mendes, Calegari, Isidoro, Badeco, Dicá, Antônio Carlos, Enéas, Tatá e Wilsinho.

Já em 1985, a Portuguesa teve de se contentar com o vice-campeonato mesmo tendo feito mais pontos que o São Paulo ao final do certame. A Lusa totalizou 52 pontos contra 51 do Tricolor. Vale lembrar que a Portuguesa só perdeu 4 partidas das 36 disputadas no campeonato, vencendo o primeiro turno e ficando em segundo lugar no segundo. As duas partidas da final foram vencidas pelo São Paulo, 3x1 e 2x1. Vale lembrar que os dois jogos finais foram marcados por muita polêmica e fortes indícios de influência da arbitragem no resultado das partidas.

Lusa: Serginho, César, Luís Pereira, Eduardo, Albéris, Célio, Toninho, Edu Marangon, Toquinho, Luís Muller e Esquerdinha.

  • A década de 90 e suas injustiças:
A década de 90 começou com o despontar de Dener, Sinval e Tico, que se sagraram campeões da Copa São Paulo de Juniores de 1991, passando pelo vice-campeonato brasileiro em 1996 com Zé Roberto, Rodrigo Fabri, Capitão, Caio e Alex Alves, chegando ainda às semifinais do Brasileirão de 1998. E foi no ano de 1998 onde a Portuguesa sofreu com uma das maiores injustiças do futebol brasileiro.

As arbitragens tendenciosas que sempre foram criticadas pela torcida rubro-verde fizeram-se claras no apito de Castrilli na semifinal do Paulistão daquele ano. Na segunda partida da decisão de quem ficaria com uma das vagas à final, o árbitro argentino - que já estava em final de carreira - marcou dois pênaltis duvidosos a favor do Corinthians, sendo o segundo descaradamente absurdo. O zagueiro Émerson matou a bola, claramente, no peito dentro da área e o mal intencionado juiz marcou pênalti que Rincón converteu, tirando a Lusa do campeonato. Essa partida ficou marcada na história do futebol nacional como um dos maiores escândalos envolvendo arbitragem no país.

Lusa: Fabiano, Alex, Émerson, César, Augusto, Carlinhos, Simão, Alexandre, Evandro, Leandro Amaral e Evair.

  • O pior ano da história e a volta por cima:
Em 2006 a torcida da Portuguesa viu seu clube atravessar sua pior fase desde o início em 1920. A Lusa acabou sendo rebaixada no Campeonato Paulista, mais precisamente na última rodada com uma derrota para o Santos, que naquele jogo sagrou-se campeão paulista. Já na Série B do Campeonato Brasileiro do mesmo ano, a Portuguesa safou-se do rebaixamento à Série C na última rodada com uma emocionante vitória sobre o Sport na Ilha do Retiro.

O ano de 2007 ficou marcado como o ano da "volta por cima" da Rubro-Verde do Canindé. Disputando a Série A2 do Campeonato Paulista pela única vez em toda a sua gloriosa história, a Portuguesa acabou retornando à elite do futebol paulista com tranquilidade, liderando o campeonato de ponta a ponta e sagrando-se campeã em pleno estádio do Canindé, o que jamais havia acontecido. A final foi contra o Rio Preto às 10 horas da manhã de um domingo, quando a torcida lusitana lotou o estádio do Canindé para ver a recuperação de seu time.
 


Na Série B deste mesmo ano, a Lusa conquistou o acesso e carimbou sua volta à Série A sendo 3ª colocada e revelando jogadores que posteriormente foram vendidos para o exterior como Diogo, Leonardo e Joãozinho, sem falar do goleiro-artilheiro Thiago.

  • As duas "batidas na trave":
Há dois anos seguidos a Portuguesa tenta classificar-se às semifinais do Paulistão. Em 2009, a Portuguesa ficou na 5ª colocação da competição, não se classificando apenas por ter tido um saldo se gols inferior ao do Santos (um gol de diferença). Fora isso, houve uma polêmica muito grande em torno do zagueiro Jean Rolt, da Ponte Preta, responsável por um pênalti a favor do Santos nos mintuos finais do último jogo da primeira fase do campeonato. Com esse gol a equipe do litoral se calssificou às semifinais e a Lusa ficou de fora. O presidente da Portuguesa, Manuel da Lupa, tinha provas em mãos a respeito de uma "compra" do zagueiro por representantes do Santos, inclusive com gravações de conversas. Porém, o assunto foi abafado.

Já em 2010, a Portuguesa novamente bateu na trave no que se refere às classificação às semifinais. A Lusa terminou o campeonato na 6ª colocação, mas foi à última rodada com chances de acesso, mas acabou perdendo de virada em pleno Canindé, deixando a classificação escapar das mãos, sem contar com uma derrota desastrosa para o Grêmio Prudente também sob seus domínios. Vale lembrar que nas duas últimas Séries B do Campeonato Brasileiro, a Portuguesa ficou na 5ª colocação e por muito pouco não se classificou.

  • Maiores ídolos do clube:
Maiores Jogadores: Enéas, Djalma Santos, Julinho Botelho, Brandãozinho, Jair da Costa, Nena, Leivinha, Ivair, Dener, Dicá, Zé Roberto, Rodrigo Fabri, Leandro Amaral, Capitão, Bentinho, Paulinho McLaren, Zé Maria, Servílio, Luís Pereira, Félix, Ditão, Rodolfo Rodrigues, Orlando, Zenon, Ipojucan, Marinho Perez...

Maiores Técnicos: Otto Glória, Oswaldo Brandão, Aymoré Moreira, Jair Picerni, Candinho, Zagallo, Mário Travaglini, Nena, Poy...

  • Canindé:
Estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte
Inauguração: Portuguesa 1x3 Benfica (09/02/1972)
Recorde de Público: 25.312 (Lusa x Cruzeiro em 09/12/1998)
Capacidade Atual: 21.000


  • Títulos:
- Conquistas Internacionais:

- Taça San Isidro (Espanha) em 1951
- Tri-Fita-Azul em 1951, 1953 e 1954

- Conquistas Regionais:

- Bi-Campeã do Rio-São Paulo em 1952 e 1955

- Conquistas Estaduais:

- Tri-Campeã Paulista em 1935, 1936 e 1973
- Campeã Paulista da Série A2 em 2007
- Torneio Início em 1935, 1947 e 1996
- Taça São Paulo em 1973
- Taça Governador do Estado em 1976

- Futebol Feminino:

- Campeã Paulista em 1998 e 2000
- Campeã Brasileira em 2000