Globo, CBF, C13, nova Liga: E a Lusa nessa história toda?

Para entender um pouco essa confusão dos direitos de transmissão e como ficaria a Lusa em meio à essa história toda...

Desde o início das movimentações dos clubes dissidentes do Clube dos 13 na venda dos direitos de transmissão dos Campeonatos Brasileiros do triênio 2012-2014, venho publicando aqui no blog a quantas caminha essa situação. No início do êxodo dos revoltosos, que deixaram o Clube dos 13 para negociar diretamente com a Globo, que está intimamente ligada à CBF, haviam nitidamente dois fortes grupos divididos, um ao lado da Globo/CBF e outro ao lado do Clube dos 13. Porém, o tempo foi passando, o C13 foi perdendo força, o êxodo foi aumentando e hoje a entidade dirigida por Fábio Koff praticamente não existe.

O Clube dos 13 acabou com o monopólio dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, abriu concorrência entre as redes de televisão. No entanto, a Globo foi negociando diretamente com os clubes, ignorando a concorrência e até algumas determinações do Cade, fazendo com que a própria Record, maior interessada e com uma proposta excepcional, pulasse fora dessa disputa. A RedeTv! acabou sendo a única a participar da concorrência, vencendo-a. Na prática, a RedeTv! ganhou mas não levou. O Clube dos 13 até agora bate o pé dizendo que possui procurações dos clubes dando à ele o direito de assinar pelas agremiações, porém, o que se vê é o contrário.

São Paulo e Atlético-MG eram os mais ferrenhos defensores do Clube dos 13, alinhados mais fiéis e mais fortes da entidade dirigida por Fábio Koff. No entanto, nem Juvenal Juvêncio, eterno desafeto da CBF e por consequência da Globo, parece ter suportado as pressões e, vendo que não teria outro caminho, parece já ter tudo acertado com a TV carioca. Enfim, o Clube dos 13 praticamente inexiste, contando apenas com poquíssimos clubes fiéis a Fábio Koff, ou que simplesmente não têm opção ou possuem alguma ligação muito grande com o C13, mas que não possuem uma representatividade capaz de fazer a diferença.

Foto:Ronaldo Bernardi

O fato é que Bahia, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Flamengo, Goiás, Grêmio, Palmeiras, Santos, Sport, Vasco e Vitória já fecharam com a Globo, sendo que o São Paulo já tem tudo acertado com a rede carioca. A conversa da vez não se limita apenas às vendas de direito de transmissão, mas sim a praticidade disso tudo. Vale lembrar que para a Globo transmitir uma partida do Campeonato Brasileiro, teria que estar fechada contratualmente com as duas equipes envolvidas no jogo, ou seja, ter o aval de todos os clubes participantes do campeonato. Em primeiro lugar, não é viável para a Globo fechar individualmente com 20 clubes, sendo que há grandes públicos também na Série B.

Em meio à esse impasse, os clubes fechados com a TV carioca, com a anuência da CBF, estão discutindo a criação de uma "nova liga" de futebol, que reuniria 18 clubes, ou seja, os que já fecharam com a TV carioca mais São Paulo, Atlético-MG, Atlético-PR e Internacional-RS. De todo esse grupo de clubes antes envolvidos com o Clube dos 13, apenas Portuguesa e Guarani levariam a pior, ficando excluídos dessa "nova liga" e sem nenhum centavo de direitos de transmissão. Não se sabe ainda se seria criado um novo campeonato ou se o atual seria repassado para essa "nova liga", que seria dirigida por presidentes de alguns desses clubes. Os principais nomes são do presidente do Corinthians, do Flamengo e do Cruzeiro.

Aí é que eu pergunto: onde fica a Portuguesa nessa história toda?

Todos sabem que a Lusa depende demais do dinheiro proveniente da negociação de seus direitos de transmissão. A Portuguesa receberia R$24 mi do Clube dos 13 caso a proposta divulgada por Fábio Koff viesse a acontecer na prática. A Lusa não teria muito o que pensar em seu posicionamento, deveria permanecer alinhada ao C13 para receber essa ótima quantia. Mesmo porque é óbvio, desde o início dessa novela, que a Globo jamais olharia para a Portuguesa com o devido respeito e importância. No entanto, a Lusa confiou demais na força do São Paulo, principalmente, como aliado do Clube dos 13, desde a última eleição de Fábio Koff, diga-se de passagem.

Não há pouco tempo venho escrevendo aqui no blog que esse momento é crucial para as pretensões e o futuro da Portuguesa. A manutenção dos cofres da Lusa depende diretamente da venda dos direitos de transmissão. A Portuguesa tem que trabalhar com muita habilidade nos bastidores para garantir algo a seu favor. A torcida é para que essa tão sonhada - pelos grandes - "nova liga" não saia do papel, pois seria o extermínio do futebol brasileiro, e estaríamos nesse bolo. Caso os campeonatos permaneçam como estão, a Globo terá de negociar diretamente com a Portuguesa, mesmo porque sem sua assinatura não há como transmitir a Série B, por exemplo.

A questão é a seguinte: essa "nova liga" não pode ser colocada em prática, pois ficaríamos a ver navios e participaríamos de um campeonato sem nenhuma importância e ainda não receberíamos nada. Caso isso não aconteça, e é para o que temos que torcer, a Portuguesa precisa ser muito hábil nos bastidores para conseguir bons valores a seus cofres. A "nova liga" é um sonho para os clubes grandes, mas ainda está apenas no papel. Vale ressaltar que o próprio vice-presidente da Lusa, Luis Iaúca, disse em entrevista à Rádio Tupí que a Portuguesa estava trabalhando nisso nos bastidores e que não ficaríamos "na mão".

Tal tema foi discutido na última reunião do Conselho Deliberativo e do COF, vários conselheiros estão muito preocupados com o que está por vir. Outro fator que deve ser levado em conta, e aí já analisando os próximos anos com campeonato regulares, seguindo o padrão atual, a Portuguesa possui uma ótima audiência de Pay Per View na Série B. Não é de hoje que se ouve falar disso em discussões de estatísticas de audiência das transmissões do PPV. A Lusa dá bastante audiência para os canais fechados dentre os clubes da Série B, algo que muitos consideram um trunfo luso para tentar ver pelo menos a cor do dinheiro nessa história toda.

Não podemos ficar atrelados ao falido Clube dos 13 apenas porque nosso presidente é dirigente da entidade, muito menos ficarmos à espera de definições jurídicas que, se saírem, muito provavelmente não surtirão o menor efeito pratico. O momento é crucial e importantíssimo para o nosso futuro...